segunda-feira, 16 de abril de 2012

UNIDADE I ANO: 2012/04

A arte é uma forma de o ser humano expressar suas emoções, sua história e sua cultura através de alguns valores estéticos, como beleza, harmonia, equilíbrio. A arte pode ser representada através de várias formas, em especial na música, na escultura, na pintura, no cinema, na dança, entre outras.

Após seu surgimento, há milhares de anos, a arte foi evoluindo e ocupando um importantíssimo espaço na sociedade, haja vista que algumas representações da arte são indispensáveis para muitas pessoas nos dias atuais, como, por exemplo, a música, que é capaz de nos deixar felizes quando estamos tristes. Ela funciona como uma distração para certos problemas, um modo de expressar o que sentimos aos diversos grupos da sociedade.

Muitas pessoas dizem não ter interesse pela arte e por movimentos ligados a ela, porém o que elas não imaginam é que a arte não se restringe a pinturas ou esculturas, também pode ser representada por formas mais populares, como a música, o cinema e a dança. Essas formas de arte são praticadas em todo o mundo, em diferentes culturas. Atualmente a arte é dividida em clássica e moderna e qualquer pessoa pode se informar sobre cada uma delas e apreciar a que melhor se encaixar com sua percepção de arte.

FONTE: Escola Brasil.

Sugestão de Leitura:


sábado, 29 de outubro de 2011

Arte Na Antiguidade - Arte Grega

Aula 27 e 28/10/2011
Localização Grécia




A arte grega tem suas raízes na civilização minóico-cretense.
Ao contrário dos egípcios, os gregos voltam sua arte para o presente. Contemplando a natureza, o artista grego empolga-se pela vida e expressa por meio da arte. 
Buscando a perfeição cria uma arte que se distingui pela elaboração intelectual: o ritmo, o equilíbrio, a harmonia ideal.

Pintura – Usadas na decoração de vasos, representando personagens lendários ou históricos: figuras chapadas em preto.




A divisão da arte grega

Divide-se em quatro fases distintas:

Pré-grega -  entre 3000 e 1400 a.C. – referente ao período mitológico.
Arcaica –   entre  1000 e 600 a. C. -  definição de uma técnica que mais tarde será chamada de clássica.
Clássica – entre os séc. V e IV a. C.  - representa a perfeição da técnica
Helenística -  abrange os séc. III, II e I a. C. – representa a difusão da cultura grega no Oriente Próximo.




Escultura
  • Possui elevado padrão de harmonia plástica.
  • Valorização da beleza e vigor físicos.
  • As estátuas gregas primam pela harmonia, ritmo e movimento, proporção e elegância.

Principais escultores : Fídias, Polícletos e Míron








Discóbolo de míron



Dorífaro de Polícletos















Laooconte e seus Filhos


As primeiras estátuas de pedra, quase do tamanho humano, datam de 650 a.C.; são pesadas e unidimensionais. No início do "período arcaico", o escultor representava superficialmente as feições e músculos, evitando cortar a pedra
com profundidade. As estátuas do período arcaico revelam evidentes filiações
na arte mesopotâmica, na arte egípcia e na arte da Ásia Menor. 
Existiram dois tipos de esculturas que tiveram especial divulgação: o Kouros e a
 Koré , a figura masculina e a feminina, representadas, respectivamente, em pé, numa pose de grande rigidez e frontalidade. 
Naquela época as esculturas deveriam ter figuras masculinas nuas, eretas, em rigorosa posição frontal e com peso do corpo igualmente distribuído entre as duas pernas.

Os escultores do século VI e início do V a.C. estudaram as formas do corpo, elaborando
Gradualmente suas proporções. 
Na Grécia o artista não estava submetido a convenções rígidas, pois as estátuas não tinham uma função religiosa, como no Egito. 
A escultura se desenvolveu livremente, tanto que as estátuas passaram a apresentar detalhes em todos os ângulos de vista, em vez de apenas no plano frontal.


Vitória de Samotrácia - Museu do Louvre
Vênus de Milo












                                                                                                                                                                              










ARQUITETURA GREGA

Também na arquitetura, os gregos atingem um alto grau de refinamento artístico.
Seu desenvolvimento urbano exerce decisivas influências nesse setor.
Suas construções, públicas ou particulares são leves, harmoniosas,arejadas e
funcionais, contrastando com a arquitetura dos povos da antiguidade; sobretudo egípcios e mesopotâmios.



Suas principais características são:

  • Predomínio do horizontal sobre o vertical;
  • Planta retangular;
  • Colunatas rodeando o edifício;
  • Frontão triangular;
  • Templos, teatro, ginásios,estádios e pórticos (stoás)
O mais famoso templo grego é o Pathernon ou Paternon, na acrópole de Atenas,obra de Ictínios e Calícrates, os mais renomados arquitetos gregos


Paternon



As Cariátides são colunas com a forma de estátuas de mulheres que
suportavam na cabeça todo o peso do entablamento e da cobertura do
templo designado de Erectéion.
Por vezes utilizadas em substituição, na arquitetura grega, às colunas
de sustentação convencionais, ilustram a harmonia alcançada pela arte
grega em seus padrões arquitetônicos.


Cariátides


Na arquitetura, as formas variavam pouco de região para região.
Os templos eram construídos com linhas retas retangulares, sem arcos nem abóbodas.
O projeto era simples: uma construção de forma padronizada retangular sobre uma base ou envasamento de geralmente três degraus, com colunas no pórtico, na extremidade oposta ou em todos os seus lados e o entablamento de remate.



TRÊS ESTILOS OU ORDENS ARQUITETÔNICAS


Dórica, Jônica e Coríntia

  Ordem Dórica - A mais antiga, simples e severa, dá ideia de solidez e imponência.
  Ordem Jônica –  Mais leve e elegante, desenvolvida no apogeu, traz ideia de classe
                                       e  refinamento.
 Ordem Coríntia – faustosa e decorativa,marca a transição para a época helenística. Sugere o luxo e ostentação.



ÉPOCA  HELENÍSTICA

Mosaico  - Pintura Helenística

A decadência da Grécia culmina com o domínio macedônico no século IV a.C.
O qual cede lugar a à dominação romana, em 145 a.C..
As conquistas de Alexandre promovem a difusão da cultura grega na Oriente.
Surge, então, a cultura helenística, resultante da fusão da cultura grega com elementos
culturais de outros povos.
Pérgamo, na Ásia Menor, Alexandria, no Egito e Antioquia, na Síria são os centros
Principais da cultura e arte helenísticas.
Na arquitetura, a harmonia e equilíbrio do período clássico são substituídos por construções
Suntuosas e monumentais.
A escultura torna-se excessivamente realista e dramática, tendendo para um naturalismo
minucioso e dinâmico.
A pintura ganha maior importância e introduz na cultura helênica a arte do mosaico policromado


sábado, 6 de agosto de 2011

Estrutura da Peça Teatral - Teatro Grego - Antiguidade

Os elementos básicos da tragédia eram:

Coro

Composto por 12 ou 15 elementos, os coreutas. Após entrarem na orquestra, a área de dança no teatro, cantam e dançam nesse espaço. Estes dançarinos-cantores eram em geral homens jovens que estavam a ponto de entrar para o serviço militar após alguns anos de treinamento. Não eram portanto profissionais do teatro e daí a importância do tragediógrafo também como ensaiador do coro, muito embora os atenienses desde crianças fossem ensinados a cantar edançar.

Cena representando uma parte do coro

O coro trágico quase não participa da ação, limintando-se apenas a comentá-la e expressando compaixão ou outros sentimentos pelos personagens. Algumas vezes também destaca o sentido religioso da ação e a intercala com preces. Por outro lado, simboliza o grupo - cidade ou exército - cuja sorte está ligada aos personagens.
O movimentos do coro possivelmente eram usados também artisticamente pelo tragediógrafo, que era ao mesmo tempo coreógrafo, para mostrar ao público as flutuações de relações de poder e as interações entre os caracteres.
De todos os elementos do teatro grego, o coro é sem dúvida o mais estranho para o público moderno. Foi na verdade o núcleo inicial do teatro grego, embora percebamos que sua função se enfraquece aos poucos durante todo o séc. V a.C. e seguinte, na exata medida em que os atores no palco tornam-se cada vez mais o centro da ação. Na evolução do teatro ocidental se transforma posteriormente em mero interlúdio musical entre os atos e finalmente desaparecerá, sendo ressuscitado modernamente pela ópera e sua descendente, a comédia musical. 

Corifeu


É um membro destacado do coro que pode cantar sozinho.
Em geral tem 3 tipos de funções principais:
a) exortar o coro à ação, a começar o canto;
b)antecipar ou resumir as palavras do coro;
c)representar o coro dialogando com os atores.

Atores: representam deuses ou heróis. São em número muito reduzido. Na verdade, pode-se dizer que o teatro surge quando Téspis cria a figura do ator e ele passa a dialogar com o coro. 
Seu número sobe para dois e em seguida três, mantendo-se nesse patamar, mas podemos observar que a estruturação dos diálogos nas tragédias tende a se concentrar em dois atores apenas, sendo raras as cenas que apresentam um verdadeiro diálogo a três. É no diálogo entre atores que se concentra quase a totalidade da ação dramática.
Os três atores tinham nomes que revelam uma relação hierárquica:
Protagonista - primeiro ator
Deuteragonista - segundo ator
Tritagonista - terceiro ator.


Uma questão interessante é o fato de existirem vários personagens infantis nas tragédias sobreviventes. Na verdade não sabemos com certeza se esses personagens eram interpretados por adultos ou crianças, mas uma pesquisadora, Emma Griffiths, da Universidade de Bristol, aponta que os movimentos desses personagens em geral são orientados por deixas de outros atores, exatamente como se o autor estivesse procurando meios para evitar as dificuldades inerentes ao se trabalhar com crianças.

Estrutura Formal da Tragédia grega

Passaremos agora a examinar a tragédia grega do ponto de vista da sua forma, quer na sua divisão em partes principais e na ocorrência de cenas típicas, quer na sua estrutura métrica.

Antes de procedermos à exposição da tragédia enquanto uma estrutura formal, seria bom ressaltar que essa estrutura surge das peças que chegaram até nós e portanto a análise se ressente da maioria das tragédias que foram encenadas de fato em Atenas e das quais temos apenas informações indiretas. Portanto é extremamente problemática a proposição de uma estrutura geral que desse conta de todos os fenômenos observáveis. Exatamente por esse motivo é que há discordâncias entre os especialistas em como analisar formalmente tragédias concretas.

Por outro lado, essa é uma estrutura puramente abstrata. Nem sempre todos os seus elementos serão encontráveis em todas as tragédias conhecidas. Trata-se mais de um repertório de recursos formais que ou já estavam a disposição dos principais autores trágicos ou eles mesmos os criaram. É extremamente importante não esquecermos o aspecto criativo e inovador dos autores trágicos. Diferentemente, da ideia que uma leitura equivocada da Poética de Aristóteles disseminou desde o Renascimento, não havia uma norma que não podia ser quebrada. O compromisso dos tragediógrafos, como dissemos antes, era vencer a competição agradando seu público e para isso usavam tanto o recurso da tradição quanto o da inovação.


I - As Partes Principais da Tragédia:

Prólogo
É a primeira cena antes da entrada do coro ou antes da primeira intervenção do coro. Trata-se de uma narrativa preliminar que visava introduzir o tema.
Pode estar ou não presente. Os dramas antigos (séc. VI a.C.) e alguns de Ésquilo começavam sem prólogo. ex: Os Persas, As Suplicantes.
No entanto, depois d'As Suplicantes não temos nenhum outro exemplo de introdução puramente musical nas tragédias, como deveria ser em seu princípio.
Tipos de Prólogo
Com apenas um ator, na forma de solilóquio ou monólogo
Agamêmnon, onde o solilóquio do vigia, que durante a noite espera o sinal da vitória em Tróia, nos antecipa tanto as circunstâncias da como o próprio clima ansioso e opressivo da tragédia.
Com mais de um ator
Cena aberta com diálogo e ação.
Prometeu Acorrentado, onde a peça abre pelo encadeamento de Prometeu por Hefesto, Poder e Violêcia e onde situa-se a peça espacialmente e nas suas circunstâncias. Também em Medéia ocorre esse tipo de prólogo com mais ação, no caso, através do diálogo entre a ama e o preceptor.

Párodo

Inicialmente era a entrada do coro cantando e dançando na orquestra, o espaço cênico em frente e abaixo do palco, como vimos. ex.: As Coéforas. Pode ser também a primeira ode do coro, pois este já estaria presente, em silêncio, desde o início da peça, mas é raro. ex.: As Eumênides
Pode ser executado:
por todo o coro, o caso mais freqüente; ex.: Agamêmnon
por dois semi-coros em sucessão; ex: Suplicantes de Eurípides,
pelos membros individuais do coro em falas rápidas, ex.: Eumênides.
Em lugar de um párodo cantado exclusivamente pelo coro, podemos encontrar em vários dramas um "diálogo lírico", isto é, musical, entre coro e atores. Por exemplo, no Prometeu Acorrentado de Ésquilo.
Em outros autores também observamos esta escolha:
Sófocles
Electra, Filoctetes e Édipo em Colono
Eurípides
Reso, Medéia, Troianas, Héracles, Helena, Electra, e Ifigênia emTauris.
Mais a frente veremos com mais detalhes o que era o "diálogo lírico".
Depois de sua entrada, o coro, em geral, fica presente durante toda a peça. São poucos os casos de saída de cena. Apenas nas Eumênides, Ájax, Helena, Alceste e Reso. O canto de retorno a orquestra é chamado epipárodo.

Episódios ou Partes

São cenas no palco, entre os cantos corais, sejam estásimos (ver abaixo) ou diálogos líricos, em que participa no mínimo um ator.
Podiam variar muito de tamanho e importância. Além dos atores podem participar figurantes também. O figurante distingue-se do ator por não possuir falas.
Podem ocorrer diálogos de tipo ator-corifeu ou ator-ator em que predominam as narrativas. Os solilóquios, diferentemente do teatro posterior, são pouco freqüentes, pois o coro em geral está sempre presente depois do párodo. Um exemplo de solilóquio durante um episódio encontramos no Ájax, de Sófocles.
Em geral as falas dos atores durante os episódios são recitadas, não cantadas.
Em certos momentos, porém, as personagens podem ser levadas por suas paixões a uma performance musical, cantada. As partes cantadas nas tragédias podem ser percebidas pelas mudanças da métrica do verso em grego, com veremos mais a frente. Em traduções em geral são imperceptíveis.
A performance musical dos atores podia se dar de duas maneiras:
1.ª) com o coro, esses são os chamados "diálogos líricos ou musicais", em cenas de profunda emoção.
O "diálogo lírico" pode apresentar uma grande variedade de estrutura.
Quanto ao número de atores:
1 ator + coro: são em geral os mais antigos, em especial em Ésquilo, por exemplo no 1.º estásimo d'Os Persas, onde ocorre um diálogo lírico entre o mensageiro e o coro;
2 ou 3 atores + coro. ex.: Coéforas, Ájax.
Quanto a extensão da parte cantada
Diálogo lírico-epirremático: o coro canta, mas o ator recita. É o mais comum em Ésquilo;
Diálogo lírico propriamente dito: coro e atores cantam. É o mais comum em Sófocles e Eurípides.
2ª) sozinhos ("stage lirics"), na forma de solos ("monodias"), duetos, etc.
Com a diminuição do papel do coro aumentou seu espaço no drama, havendo uma transferência do interesse da "orquestra" para o palco.
Quanto ao n.º de atores:
1 ator
"monodias" (= solos). É uma das mais salientes características nas cenas de violenta paixão de Eurípides;
2 ou mais atores
Diálogos musicais entre 2 ("duetos") ou 3 atores. Também muito freqüentes em Eurípides.
Quanto a extensão da parte cantada:
Completamente musicais;
Parcialmente musicais, um ator canta e o outro responde recitando.
O coro pode também fazer uma intervenção musical isolada dentro de um episódio, mas não temos certeza se o coro inteiro cantava ou apenas uma parte dele. ex.: Prometeu Acorrentado, 4º episódio. Nestes casos a extensão do coro é pequena dentro do episódio.
O número dos episódios não era fixo, variava de 4 (ex.: Persas) a 7 (ex.: Édipo em Colono), mas frequentemente eram 5.
Estásimos
Eram os cantos e danças do coro na "orquestra" que separam os episódios, marcando pausas na ação. Seu número é variável, de 2 a 5, em geral. A "dança" podia se restringir a uma gesticulação enfática e era de caráter grave e trágico.
Às vezes o coro podia apresentar um canto e dança mais vivaz, o hipôrquema, em geral colocado antes da cena de catástrofe (ver abaixo), para intensificá-la.
Em lugar do estásimo cantado exclusivamente pelo coro poderiam ocorrer "diálogos líricos" com atores, como definidos acima no caso do párodo. No final de um episódio é muito comum a saída de atores para a skene, de forma a trocar de roupas e máscaras durante o estásimo, aproveitando esta pausa na ação.
Êxodo
Inicialmente, como indica o seu nome, era simplesmente a saída do coro cantando e dançando ao final da peça, como por exemplo n´As Suplicantes e n´As Eumênides. Posteriormente, com a diminuição gradual do papel do coro, passou a ser a última cena depois do último estásimo e que termina o drama. ex.: Agamêmnon.
Esta diminuição do papel do coro no êxodo pode ser de 2 formas: em primeiro lugar podia terminar o drama em um "diálogo lírico" entre coro e atores (ex.: Persas), ou em alguns versos finais do corifeu.
Poderia haver nesta última cena uma fala final de um deus que seria o epílogo, mais comum em Eurípides.
Assim teríamos a seguinte arquitetura geral, mais comum, da tragédias gregas principalmente no séc. V a.C.:

PÁRODO

1º EPISÓDIO

1º ESTÁSIMO

2º EPISÓDIO

2º ESTÁSIMO

3º EPISÓDIO

3º ESTÁSIMO

4º EPISÓDIO

4º ESTÁSIMO

5º EPISÓDIO

ÊXODO


As Cenas Típicas na Tragédia
Por sua recorrência, algumas cenas se destacam nas tragédias gregas e são tão típicas do gênero quanto o é uma cena de perseguição em um filme de ação.
São elas:
Catástrofes: cenas de violência, em geral oculta dos olhos da platéia e narrada posteriormente por um ator, como Os Persas, que narra a destruição da expedição contra os gregos. Representa a reviravolta para pior no destino de uma personagem. Na peça Agamêmnon, por exemplo, o seu assassinato por Clitemnestra. Em Édipo, a cena final, onde o protagonista aparece em cena com os olhos perfurados e sangrando.
Cenas patéticas: cenas de explicitação de sofrimento, dor, em cena. Por exemplo, as cenas em que Electra dá vazão a sua dor pela morte do pai e pela situação humilhante a que a obriga a própria mãe.
agón ou cenas de enfrentamento: cenas onde, por ações ou por palavras entre personagens, se explicita o conflito trágico no palco. Exemplos seriam o diálogo entre Clitemnestra e Orestes antes da cena de catástrofe, onde Clitemnestra é morta pelo próprio filho n'As Coéforas, ou em Édipo Rei, na cena que Édipo discute violentamente com o adivinho Tirésias anagnórisis ou cenas de reconhecimento: é a passagem da ignorância para o conhecimento. Uma personagem descobre-se parente, amigo ou inimigo de outro. Pode ser também a descoberta de algo que se fez ou não. O exemplo clássico de cena de reconhecimento é a descoberta de Édipo como assassino do pai e esposo da mãe em Édipo-Rei. O reconhecimento em si pode se dar por várias formas, uma muito usada é a através de sinais exteriores, como quando Electra reconhece seu irmão
Orestes por uma roupa que usa.Observe-se que não se trata de uma cena em que o público toma conhecimento de algo. É a personagem que toma consciência de algo, que não é trivial, mas significativo para o seu destino.
Essas diferentes cenas integram a estrutura da tragédia grega, como que recheando a arquitetura básica das partes.
A seguir veremos como esta estrutura se mostra em um exemplo concreto, a tragédia Édipo-Rei de Sófocles. As partes cantadas estarão em verde para que se torne mais visível a dinâmica das recitações e cantos. As cenas típicas estarão em vermelho.

PARTES DIÁLOGOS CENAS

PRÓLOGO diálogo Édipo-sacerdote diálogo Creonte-Édipo
PÁRODO entrada do coro, constituído por anciãos
1º EPISÓDIO diálogo Édipo-corifeu diálogo Édipo-Tirésias -> cena de enfrentamento
1º ESTÁSIMO coro canta
2º EPISÓDIO diálogo Creonte-corifeu
diálogo Édipo-Creonte
diálogos Jocasta-Creonte-Édipo-corifeu
diálogo corifeu-Jocasta
diálogo Jocasta-Édipo -> cena de enfrentamento
Cena de reconhecimento (parcial)
2º ESTÁSIMO coro canta
3º EPISÓDIO diálogo mensageiro-Jocasta diálogo Édipo-Jocasta-mensageiro
3º ESTÁSIMO hipôrquema
4º EPISÓDIO diálogo Édipo-corifeu-pastor
diálogo Édipo-pastor
diálogo mensageiro-pastor -> cena de reconhecimento (total)
ÊXODO diálogo criado-corifeu
suicídio de Jocasta e auto-flagelamento de Édipo
diálogo corifeu-Édipo
intervenção musical do coro
diálogo Édipo-Creonte -> cena de catástrofe

II - A Versificação na Tragédia:

As formas métricas nas tragédias gregas são mais numerosas e intrincadas do que em qualquer outra literatura dramática, o que torna impossível reproduzi-las em qualquer língua moderna.
Podemos dividir os versos nas tragédias segundo apresentem ou não estrutura estrófica.
Vejamos em primeiro lugar os versos não-estróficos, o chamado padrão esticométrico.
A esticometria ocorre também em outros gêneros literários, como por exemplo na poesia épica de Homero e Hesíodo, onde sucede-se de forma ininterrupta, do início ao fim dos poemas, o mesmo tipo de verso, no caso, o hexâmetro datílico. Na tragédia o padrão esticométrico se restringe a certas partes como no diálogo entre personagens. É a versificação mais simples que aparece.
No drama primitivo o tipo de verso nessas passagens era o tetrâmetro trocaico, um verso livre e rápido que apresenta a seguinte estrutura:
Tetrametro trocaico:
observação quanto à notação utilizada:
_ = sílaba longa
U = sílaba breve
x = sílaba longa ou breve
Em geral, _ = UU
Ou seja, uma sílaba longa equivale a duas breves.
A medida que o tema da tragédia foi ficando mais sério, foi menos empregado. Nas peças que chegaram até nós ele é utilizado em duas cenas Os Persas, de Ésquilo, e às vezes nas conclusões. Eurípides em suas últimas peças, procurando novidades, ressuscita este tipo de verso, especialmente em discussões violentas. Sófocles, talvez por influência de Eurípides, também o utiliza em suas últimas peças.
Com o desuso dos tetrâmetros, eles foram substituídos pelos trímetros iâmbicos, o verso mais usual do diálogo falado.
Segundo Aristóteles, o trímetro iâmbico era o verso que mais se aproximava da fala comum.
Sua estrutura é a seguinte:
Trímetro iâmbico
Observamos um uso mais regular desse verso em Ésquilo. Sófocles começa já a relaxar, evitando a monotonia do ritmo e introduz a divisão do verso entre dois atores:
Quebra de verso
Eurípides por sua vez levou a irregularidade quase até a prosa. Em suas peças os versos são repetidamente quebrados.
Também podemos observar o padrão esticométrico nos recitativos. Neles o tipo de verso utilizado era o dímetro anapéstico ou anapesto, ritmo de marcha usado pelos autores mais antigos para a entrada do coro. Sua estrutura é a seguinte:
Dímetro anapêstico
obs: o sinal longo sobre 2 sílabas breves indica que poderia ocorrer nesta posição ou uma sílaba longa ou duas breves.
Eram muito usados nos "diálogos líricos" para contrastar duas emoções, por exemplo em um diálogo coro-ator em que o coro canta e o ator recita anapestos. Este tipo de combinação entre parte cantada e parte recitada pode ser observada na tragédia
Medéia, onde aos cantos dolorosos do coro, Medéia contrapõe um recitativo em anapestos comentando seus gritos.
Passemos agora a examinar a versificação na porção musical da tragédia. Devido a íntima conexão entre música e poesia para os antigos, há uma maior variedade de versos em cenas, que em geral são de intensa emoção. Via de regra, temos a correspondência entre uma sílaba e uma nota musical.
Na poesia grega, já havia uma grande tradição de música coral, na forma de hinos, odes de procissões, etc., especialmente entre os dórios e por isso o dialeto dórico se tornou o dialeto literário por exelência do canto coral. Essa tradição passou à tragédia grega especialmente nas partes cantadas pelo coro, mas houve uma adaptação no sentido da redução da extensão dos versos, simplificação das estrofes e menor correspondência entre estrofe e antístrofe.
A estrutura estrófica, do grego strophé, "volta", seria o caso em que determinada combinação de diferentes versos se repete.
Assim, por exemplo, se utilizarmos letras minúsculas para identificar um tipo de verso, a seguinte sequência de versos apresentaria um padrão estrófico:

a
b
b

a
b
b

a
b
b

Na estrutura estrófica não só observamos padrões dentro de cada estrofe, mas as próprias estrofes podem se organizar de diferentes formas. No exemplo acima poderíamos chamar de estrofe A a sequência de versos abb. Logo teríamos uma estrutura de tipo A A A.
Na tragédia grega o padrão estrófico mais usual era haver a repetição da estrofe de um tipo e depois uma sequência de estrofes da mesma forma, como no esquema abaixo:

AA BB CC ...

Sendo que em cada grupo idêntico, AA por exemplo, o primeiro elemento era chamado de "estrofe", e o segundo, que a repetia, era chamado de "antístrofe".
Um exemplo da combinação de versos em estrofes seria:
Estrofe A: 2 trímetros iâmbicos Antístrofe A: 2 trímetros iâmbicos Estrofe B: 2 tetrâmetros trocaicos + 1 trímetro iâmbico Antístrofe B: 2 tetrâmetros trocaicos + 1 trímetro iâmbico
Alguns tradutores indicam por símbolos na margem do texto as estrofes e antístrofes.
Vejamos agora que versos podiam ocorrer nos coros trágicos.
O tipo mais antigo de párodo começava com uma marcha solene cantada em anapestos. Este párodo anapéstico é encontrado nas tragédias Os Persas, As Suplicantes e Agamêmnon de Ésquilo, e Ájax de Sófocles. Foi posteriormente abandonado por uma estrutura mais lírica, mas pode reaparecer incluído, como na tragédia Antígona, de Sófocles. Como dissemos antes os anapestos podem também aparecer em diálogos líricos no recitativo do ator. Este caso é observado em Prometeu Acorrentado, de Ésquilo, Filoctetes e Édipo em Colono, de Sófocles, e Medéia de Eurípides.
Os anapestos podiam também começar os estásimos, como ocorre Os Persas, Sete contra Tebas e Suplicantes, de Ésquilo, e também no Agamêmnon e na Medéia.
Os estásimos entretanto são o lugar previlegiado da forma antistrófica que apresenta a estrutura : estrofe - antístrofe - (epodo).
O epodo, que podia ou não ocorrer, era a terceira estrofe em uma tríade ou grupo de três estrofes, variando em construção métrica das duas primeiras, a estrofe e a antístrofe, mas sempre mantendo a sua própria forma. Se indicarmos o epodo por um E teríamos o seguinte exemplo: AAE BBE CCE DDE
No párodo da Médeia, podemos ver como em um diálogo lírico que envolve o Coro, Medéia e a Ama, Eurípides combina a estrutura estrófica com o recitativo.
Canto Coral na Medéia de Eurípides
Párodo:
1ª estrofe (A): 12 versos cantados pelo coro
recitação de Medéia em 8 anapestos
1ª antístrofe (A): 12 versos cantados pelo coro
recitação da Ama em 8 anapestos
Epodo (E): 9 versos cantados pelo coro
Já no primeiro estásimo temos uma estrutura antistrófica muito mais simples cantada pelo coro sem epodo:
1ª estrofe (A): 7 versos
1ª antístrofe (A): 7 versos
1ª estrofe (B): 7 versos
1ª antístrofe (B): 7 versos
Mas aqui embora o número de versos seja o mesmo, o tipo de verso utilizado é diferente.
Além do epodo, outro enriquecimento da estrutura estrófica era o "efímnio", uma espécie de refrão que seguia estrofes e antístrofes.
Em Ésquilo em suas primeiras odes corais observamos até 10 pares de estrofes, já nas últimas apenas 3 pares compõe o canto coral, índice formal da diminuição da sua importância na arquitetura da tragédia.
Nestas estruturas estróficas eram utilizados os mais diferentes tipos de versos: dáctilos, iambos, troqueus, anapestos líricos, crético-peônio, docmíaco, eólico, jônico, etc., constituindo um todo ritmicamente complexo e variado que dava ao autor trágico infinitas possibilidades de combinação de modo a que o conteúdo de cada uma das partes alcançasse maior expressividade.
Infelizmente, toda essa riqueza formal, que constituia uma das partes mais importantes da carpintaria trágica é praticamente impossível de ser percebida. E mesmo que lêssemos as tragédias no original e escandindo os versos, isto é, obedecendo à métrica, ainda assim nos faltaria um dos elementos mais importantes da performance dramática, a música, que o tragediógrafo compunha, pois o coro verdadeiramente canta, não recita apenas, e como vimos os próprios atores em momentos de grande emoção tem partes cantadas.
O componente musical das tragédias gregas está praticamente todo perdido. Resta-nos apenas um pequeno fragmento de um estásimo da tragédia Orestes de Eurípides.
(neste momento houve a apresentação do estásimo de Orestes na interpretação do Atrium Musicae de Madrid, do CD Musique de la Grèce Antique. Harmonia Mundi)
Esse conjunto de coro e atores, cantando e recitando, em um teatro com milhares de pessoas, cidadãos e estrangeiros, à luz do dia e dentro de um grande festival em honra a Dioniso que durava 6 dias, infelizmente para nós está completamente perdido. Mas a beleza e profundidade dos textos que chegaram até nós já nos dão uma idéia do que estas representações teriam sido.