terça-feira, 31 de maio de 2011

Fichamento do texto - Linguagem ou Linguagens

Linguagem ou linguagens...


Quando falamos em linguagem, logo nos vêm à mente a fala e a escrita. Estamos tão condicionados a pensar que linguagem é tão somente a linguagem verbal, oral ou escrita e, do mesmo modo, que ela é a única forma que usamos para saber, compreender, interpretar e produzir conhecimento no mundo, que fechamos nossos sentidos para outras formas de linguagem que, de modo não verbal, também expressam, comunicam e produzem conhecimento.
O que é, então, linguagem? Pode-se dizer que linguagem é um sistema simbólico e toda linguagem é um sistema de signos.
Somos rodeados por ruidosas linguagens verbais e não verbais – sistemas de signos – que servem de meio de expressão e comunicação entre nós, humanos, e podem ser percebidas por diversos órgãos dos sentidos, o que nos permite identificar e diferenciar, por exemplo, uma linguagem oral ( a fala), uma linguagem gráfica (a escrita, um gráfico), uma linguagem tátil (o sistema de escrita braile, um beijo), uma linguagem auditiva ( o apito do guarda ou do juiz de futebol), uma linguagem olfativa ( um aroma como o do perfume de alguém querido), Uma linguagem gustativa ( o gosto apimentado do acarajé baiano ou do gosto forte do pequi goiano) ou as linguagens artísticas.
Nossa penetração na realidade, portanto, é sempre mediada por linguagens, por sistemas simbólicos. O mundo, por sua vez, tem o significado que construímos para ele. Uma construção que se realiza pela representação de objetos idéias e conceitos que, por meio dos diferentes sistemas simbólicos, diferentes linguagens, a nossa consciência produz.
Quando nos damos conta disso, vemos que a linguagem é a forma essencial da nossa experiência no mundo e, consequentemente, reflete nosso modo de estar-no-mundo. Por isso é que toda linguagem é um sistema de representação pelo qual olhamos, agimos e nos tornamos conscientes da realidade.
Não é de estranhar que, em nosso encontro com o mundo, aprendemos a maneja-lo pela leitura e produção de linguagens, o que é, ao mesmo tempo, leitura e produção de sistemas de signos. É na escolha de operar, manejar a linguagem das cores, dos sons, do movimento, dos cheiros, das formas e do corpo humano para fins artísticos-estéticos que o homem realiza a alquimia de criador: a linguagem da arte.

(MARTINS, GUERRA, PICOSQUE: A Língua do Mundo: Poetizar, fruir e conhecer arte, 1998).

Um comentário:

  1. IFBA
    João Dourado de souza
    Biocombustível
    Matutino

    Linguagem e linguagens
    Na época de hoje, a linguagem se tornou linguagens. Esse fenômeno – sempre considerado único, capacidade social e cultural específica da espécie humana,nunca definido completamente, porém cada vez mais estudado e explorado – não
    aceita mais ser designado no singular e com artigo definido. Será, então, que a
    linguagem deixou de ser (ou nunca foi), fundamentalmente, uma só?
    ao discutir a compreensão da existência do homem atual em relação com a linguagem, questiona a possibilidade de se falar duma linguagem
    ‘moderna’, da mesma maneira como se faz referência à arte moderna ou à técnica
    moderna. Para ele, o que mudou foi a atitude em face da linguagem, revelando aspectos próprios do homem de hoje.O homem moderno quase só tem uma existência de emissor e receptor, tal a diversidade dos signos que o assaltam e que o fazem ficar mergulhado na linguagem. Cabe lembrar que o signo é o núcleo fundamental da linguagem.mas não como substituição, e sim como designação das ‘coisas’ ou da ‘realidade’ extralingüística. A designação constitui uma das possibilidades da linguagem e se baseia, justamente, na significação do signo.
    Linguagem, ou seja, aquilo que deve ser objeto de leitura, decifração e compreensão
    como, por exemplo, uma pintura, um filme ou um texto lingüístico.
    Compreender um signo e, a partir disso, tentar compreender melhor a linguagem
    exige também a compreensão dos componentes do signo
    Agora, voltar à questão inicial: linguagem ou linguagens?
    Para tanto, é necessário tocar num aspecto básico e incontestável, mas que se
    tornou uma pretensa classificação dicotômica da linguagem. Diz-se que, de acordo
    com o sistema de sinais (signos) que utiliza, a linguagem pode ser de dois tipos:
    a) verbal, aquela cujos sinais são as palavras; b) não-verbal, aquela que emprega
    outros sinais que não as palavras, como as imagens, os sons, os gestos. Daí que o
    homem se expressa ou pela fala/escrita ou não, quer dizer, ou por qualquer outra
    maneira que não seja fala/escrita.

    ResponderExcluir